domingo, 29 de janeiro de 2012

Política

Edição de domingo, 29 de janeiro de 2012
"A gestão atual apareceu para bagunçar tudo"
O desabafo é de Hozana Soares de Lima, dona do prédio onde funciona a escola municipal Nossa Senhora das Dores


Alex Costa // alexcosta.rn@dabr.com.br
Escola Municipal Nossa Senhora das Dores. A princípio um educandário normal, com professores, alunos da comunidade carente do Mosquito, próximo ao Rio Potengi e ações sociais para a população. No entanto, a escola, localizada no bairro das Quintas, vive a pior fase desde que foi criada, há 13 anos, pela proprietária do prédio, Hozana Soares de Lima, de 64 anos. "Eu fui a primeira diretora da instituição, na época em que a prefeita Wilma de Faria veio aqui e propôs a instalação de uma escola municipal para atender as crianças da comunidade. Nunca tive problema com aluguéis até que a gestão atual apareceu para bagunçar tudo", reclama a aposentada, responsável por uma das 44 escolas municipais que estão com os aluguéis em atraso, segundo dados do Ministério Público Estadual. A soma dos débitos chega a R$ 537 mil.


Primeira diretora da escola, Hozana cobra os alguéis devidos pela prefeitura. Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press
Com um ano e um mês de aluguéis atrasados, Hozana calcula que a Prefeitura de Natal deva um total de R$18 mil acumulados, uma vez que o valor mensal até outubro erade R$1.236, com o reajuste em novembro passou para R$1.560, somados até janeiro de 2012.

"É um compromisso que a prefeitura assumiu através de um contrato de depositar esses débitos no 5º dia útil de cada mês. Já rodei feito uma danada para receber o que me é devido. Estou surpresa com essa situação, ninguém nos dá satisfação. E eu tenho uma família que depende deste aluguel. Se eu morrer a prefeitura é quem é culpada", declarou ela.

Segundo dona Hozana, o dinheiro também serve para a manutenção do prédio onde está instalada a escola, há 15 anos sem manutenção, precisa de uma reforma. Portas quebradas, telhas rachadas e paredes frágeis comprometem a segurança da escola. "Ganhamos uma caixa d'água de 10 mil litros que não pode ser instalada enquanto não fizermos um reforço na parede da cozinha. É certo que a parede não vai aguentar o peso da água", conta.

Enquanto isso, a escola prepara os alimentos para os alunos com a água da caixa de amianto, material proibido e nocivo à saúde humana. O mau cheiro de pocilgas na parte posterior da escola, junto ao refeitório, deixa o ambiente ainda mais pesado diante das inúmeras dificuldades que a instituição vem passando. A escola abriga turmas do 1º ao 5º ano, com 40 alunos e mais 100 crianças numa creche mantida pela proprietária do imóvel. Lá tamb ém funciona o projeto Mais Educação que beneficia crianças com projetos no contraturno.

"A minha primeira opção seria de abrir mão dessa escola e escapar desses problemas burocráticos com a prefeitura. Mas não posso fazer isso, porque as crianças da Comunidade do Mosquito dependem dessa escola para trilharem os passos na educação", lamenta a proprietária da única instituição educacional da localidade.

Dona Hozana relembra a última vez que foi à Secretaria Municipal de Educação e lá foi informada que o titular da pasta, Walter Fonseca, não estava mais marcando audiências com os proprietários , uma vez que já era conhecido o caso de cobrança. "Acho que eles pensam que todo mundo é leigo. Se em outras gestões os débitos eram pagos normalmente, por que eles não pagam?", questiona.

Para a diretora do Sinte/RN, Fátima Cardoso, a Prefeitura de Natal parece estar sem noção do que esse atraso pode acarretar às famílias que dependem de escola, a maior parte crianças na faixa etária dos 2 aos 5 anos de idade que têm direito ao ensino infantil. "Se esses valores não forem quitados, os proprietários podem reaver os imóveis e essas escolas podem simplesmente fechar, prejudicando não apenas aos alunos que estão estudando mas também a demanda que virá no próximo ano. A situação é muito grave e exige providências urgentes", disse ela.


 


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